sexta-feira, 22 de novembro de 2013

24 horas

O relógio nunca funcionou bem comigo, nunca respeitou meu tempo. Assim como eu também nunca esperei por ele para qualquer coisa na minha vida, desde amadurecer ou a regredir como criança. Por isso nunca uso relógio no pulso.
Só sei que ele me ajudou a colocar em uma linha do tempo toda sinuosa e e bagunçada, todos os "Michael's" que eu já fui, e não me conformo de ser o Michael que sou agora, com uma bagagem tão cheia, com tantas pedras pesando na mochila karmica, cometendo sempre os mesmos erros. 
Um relógio que badala incessantemente na minha cabeça sempre antes de eu fazer algo errado. E eu vou, chego até a beira do precipício, e não o faço. Mas eu fui até lá, eu cheguei muito perto, e isso alivia minha culpa? Não, segundo meu relógio não. Parece que todo erro agora é maior, mais assustador, mais perigoso e motivo de uma consciência cada vez mais pesada.
Daqui mais ou menos 24h estarei completando 20 anos da minha existência, onde consegui fazer caber 40 e tantos anos de burradas, estupidez e irresponsabilidade. 
Meu relógio não me derá os parabéns quando chegar a hora, ele apenas vai parar de funcionar, apenas por milésimos de segundos, apenas para tomar um ar, olhar para trás e continuar me levando até aonde sua bateria aguentar.