sexta-feira, 22 de novembro de 2013

24 horas

O relógio nunca funcionou bem comigo, nunca respeitou meu tempo. Assim como eu também nunca esperei por ele para qualquer coisa na minha vida, desde amadurecer ou a regredir como criança. Por isso nunca uso relógio no pulso.
Só sei que ele me ajudou a colocar em uma linha do tempo toda sinuosa e e bagunçada, todos os "Michael's" que eu já fui, e não me conformo de ser o Michael que sou agora, com uma bagagem tão cheia, com tantas pedras pesando na mochila karmica, cometendo sempre os mesmos erros. 
Um relógio que badala incessantemente na minha cabeça sempre antes de eu fazer algo errado. E eu vou, chego até a beira do precipício, e não o faço. Mas eu fui até lá, eu cheguei muito perto, e isso alivia minha culpa? Não, segundo meu relógio não. Parece que todo erro agora é maior, mais assustador, mais perigoso e motivo de uma consciência cada vez mais pesada.
Daqui mais ou menos 24h estarei completando 20 anos da minha existência, onde consegui fazer caber 40 e tantos anos de burradas, estupidez e irresponsabilidade. 
Meu relógio não me derá os parabéns quando chegar a hora, ele apenas vai parar de funcionar, apenas por milésimos de segundos, apenas para tomar um ar, olhar para trás e continuar me levando até aonde sua bateria aguentar.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A três,a um.

I can't. Eu não posso continuar com isso.
Mas não foi isso que você sempre quis?
Mas não me parece justo agora.
Justo com quem?
Comigo.
Mas é bom?
É,e solitário também.
Mas são dois,você pode te-los...
Parece que posso,mas eu não consigo já disse.
Você os ama?
Amo,mas amo diferente deles.
Porque?
Eu-não-sei!
Se você não entrar na deles,vai ficar de fora,já sabe não é?
Já vejo isso.
Vai perde-los!
Não,para com isso!
Sempre,sempre,sempre,sempre sozinho não é?
É.
E agora? Oi? ... Mike? 
...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Do inicio ao fim

“Que eu não veja obstáculos na união de corações sinceros…
O amor não se turva em águas turvas,
nem se curva ante a chuva…
Não…
É uma luz constante que a tempestade não altera…
É a estrela de toda a mão errante…
de brilho claro…
embora sem matéria…
Não é joguete do tempo,
embora a carne sofra o peso da sua foice…
Se isso for falso e provado também,
Eu não escrevi…
e nunca se amou ninguém.”

Frase do filme -"Do inicio ao fim"

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cachorro de rua


"Surtado,sai as 1:50 da manhã de casa...Não sabia onde ia,mas sabia que ia sozinho.
Sai sem fazer barulho,e não tranquei a porta,simplesmente por birra,para que alguém entrasse e quebrasse tudo...
Peguei um cigarro,dei um longo trago,curti,soltei,relaxei...então ri. Ri como alguém que acha graça na vida. Ri alto sem preocupação de quem poderia ouvir...
Me sentia um vagabundo,me sentia usado e jogado fora,descartável,alguém sem pudor,nem frescuras,sem vergonha.
Estava aqui para isso servir,não importa como,e se não gostasse eu fingia! Fingir é uma arte!
Não havia futuro,não havia mais nada além de cada minuto que vivia,então para que se preocupar?
Havia tanta luxuria no meu sangue,tanto desejo,tanta ira...Eu não conseguia pensar,então agia com/por impulsos...
Sequei com o olhar todos os carros que passavam,parava para os motoqueiros,e tragava com gosto,como se aquele cigarro fosse o ultimo...
A única coisa que tinha em mente era achar alguém,qualquer desconhecido para conversar...e se não quisesse conversar bom,sempre há o "plano B" não é...
Mas não havia ninguém nas ruas,eu me sentia a única coisa com vida e pulsando na cidade...onde estão os vagabundos? Os maloqueiros? Os drogados? Os sem futuros como eu?
Mas qualquer um servia,portanto que não fosse um sem teto,ou aqueles cachorros de rua,latindo para qualquer coisa que se movesse...
Latiam,perseguiam,marcavam territórios,sem preocupação nenhuma,sem nenhum plano,apenas seguiam o extinto...
Latiam para os carros,para as motos,para os gatos,latiam entre si...mas nenhum latia para mim...nenhum me notou passando ali,rindo sozinho,e pegando o quinto cigarro da noite...
Cheguei a ficar parado,mas eles passavam por mim e nem sequer me dirigiam o olhar...Havia algum problema em mim? Ou eu ja era do bando?
Apenas mais um sem futuro,sozinho,fazendo oque dava na telha na hora...E por extinto eles procuravam uma fêmea para acasalar,não era também umas das idéias naquela hora?
Me senti parte de algo que eu desconhecia.
Mas fiquei confortado de ser algo em alguma coisa,de ter um espaço em algum lugar...
Pobres cachorros de rua...oque lhes reserva o destino?
Tanto faz,eles não se importam,apenas vivem sua vida de cachorro...
E pensando nisso,não me senti mais parte daquele bando...porque espero algo para meu futuro...e esse era motivo das minhas angustias noturnas...esse o motivo de eu estar ali surtado.
Mas mesmo assim,não me sentia excluído daquela instituição,me sentia mais ou menos como um bastardo... E eles não me rejeitaram por isso... 
Então andei e andei,fumei horrores,ri do nada,chorei como uma criança,me deitei na pista de skate,tentei gravar um vídeo,mas a bateria do meu celular estava fraca,então desiludido caminhei em direção a minha casa... mas antes vi um sujeito que trabalha no posto 24hs,e eu o vi sozinho,meio perdido...e me consolidei por ele.
Passei por ele sem dizer nada,sentei do outro lado da rua,puxei mais um cigarro,ele fez o mesmo,então ficamos nos olhando,nos estranhando,mas se aceitando como cachorros de rua do mesmo bando...
Isso durou um longo tempo,então senti um grande cansaço,senti sede,senti um vazio,então apaguei o cigarro acenei,ele concordou positivamente com a cabeça e cambaleando voltei para casa...
Não havia encontrado oque eu queria,nem resolvi nada do que precisava resolver...
Mas me sentia melhor...e isso já era o bastante para hoje...o bastante para um cachorro de rua."

Michael Oliveira de Paula
(@Michael_Ironic)